quarta-feira, dezembro 27

Capítulo I - A Casa

Chovia imenso e subiam a rua tentando tapar-se com coisas que levavam nas mãos.Não iam sozinhos,mais à frente três pessoas trilhavam a calçada molhada e escorregadia com os pés e os risos. Iam abraçados,tinham-se conhecido à pouco mais de um mês e redescobriam os cantos à cidade. Conversavam animadamente, as mãos firmes sobre as cinturas juntavam-nos como um só e os interesses comuns faziam-nos subir a Rua dos Combatentes um pouco inclinada sem esforço algum. De repente pararam. O rapaz apontou para uma casa de traços antigos,de um esverdeado ou azulado esbatido,vidros nas janelas de madeira e à volta um pequeno jardim onde as plantas cresciam selvagens e abraçavam com força as grades ferrugentas, semi-abandonada (talvez de uma grande família em tempos. quem sabe?) e disse :
- Um dia vamos viver nesta casa,recuperamo-la e vivemos aqui.

Os dias passaram-se e o tempo separou-os durante longos e largos anos.
A rapariga que por ali passava muitas vezes,nunca tinha reparado naquela antiguidade linda que passou a ser um refúgio e segredo especial. E,sempre que ali passava de carro virava-se para trás no banco e de cabeça sobre os braços ficava a admira-la até perder de vista. ( pouco mais que segundos). Depois enquanto descia o resto da rua sentia-se deprimida.


Ao som de Bernardo Sassetti - Do silêncio/Revelação.
continua...